Criança é coisa séria

Por Gabriela de Freitas

“A criança se vê no mundo através da cena do teatro. Ela se emociona, questiona, fica em dúvida. Amplia seus horizontes além de seu cotidiano familiar e escolar”. Esta relação próxima do teatro com a criança é defendida por Carlos Augusto Nazareth, dramaturgo, diretor e professor de literatura. Ele defende a arte de atuar como parte fundamental da formação do ser humano e, em 2006, fundou, no Rio de Janeiro, o Cepetin (Centro de Pesquisa e Estudo do Teatro Infantil).

A intenção é desenvolver ações e aumentar a qualidade deste tipo de espetáculo. Pensando assim, o Cepetin criou os prêmios Zilka Sallaberry e Ana Maria Machado de Dramaturgia, ambos voltados para o teatro infantil. “Queremos estimular que profissionais gabaritados sejam reconhecidos, separando o joio do trigo”, conta Carlos Augusto. O Centro de Pesquisa estimula também a leitura de textos teatrais através da Coleção Cepetin de Teatro Infantil, com a publicação de livros de teatro para crianças, distribuídos em escolas e bibliotecas.

Este ano, a instituição, com patrocínio da Lamsa (Linha Amarela S/A), desenvolveu um projeto com crianças da rede municipal de ensino do Complexo da Favela da Maré, comunidade carente do Rio de Janeiro, distribuindo livros com textos teatrais e levando as crianças ao teatro. Carlos Augusto reclama do pouco incentivo para o estudo mais aprofundado das questões teóricas que envolvem os espetáculos para crianças: “Nos falta verba e apoio governamental para podermos traçar um perfil técnico da situação do teatro infantil.”

No site da instituição (www.cepetin.com.br) é possível encontrar estudos teóricos sobre o tema, textos teatrais, entrevistas, filmes e uma seção de espetáculos recomendados que ajuda na divulgação do teatro infantil. Rômulo Rodrigues, ator, autor, produtor cultural e um dos fundadores da instituição, alerta para o espaço reduzido dado pela mídia às produções destinadas ao público infantil: “As peças não são divulgadas, não têm retorno e, assim, não são patrocinadas. Uma reação em cadeia”.


Prêmios
Em 2006, o Cepetin criou o Prêmio Zilka Sallaberry de Teatro Infantil. Com patrocínio da Oi e da seguradora Porto Seguro, são apresentados os destaques em dez categorias. Durante o ano, quatro jurados avaliam os espetáculos em cartaz no Rio de Janeiro e fazem pré-indicações. No fim do ano, são anunciados os indicados e, na véspera da cerimônia de entrega do prêmio, em março, são definidos os vencedores de cada categoria.
O Prêmio Ana Maria Machado de Dramaturgia Infantil é nacional e chega a sua terceira edição. Os textos a serem inscritos precisam possibilitar a encenação de um espetáculo de, no mínimo 45 minutos, serem inéditos e não adaptações de outras obras. Três jurados elegem as melhores obras do ano. O primeiro colocado recebe R$ 1.500 em dinheiro, além ter seu textos publicados em forma de livro pela editora Autores Associados, com o selo Ciranda das Letras. O regulamento de cada premiação está no site do Cepetin (www.cepetin.com.br).