Celso Frateschi estreia "Antígona" no Ágora Teatro

Com direção de Moacir Chaves, montagem evidencia a potência poética do texto grego e revela um Sófocles absolutamente contemporâneo ao século XXI. O elenco conta, além de Frateschi, com Pascoal da Conceição e Naruna Costa. O elenco conta,além de Frateschi, com Pascoal da Conceição e Naruna Costa

O Ágora Teatro abre sua programação do segundo semestre de 2017 com a estreia de ANTÍGONA, de Sófocles. O espetáculo, que será apresentado na nova Sala Gianni Ratto, que passou por transformações radicais em sua arquitetura cênica, com vista a criar uma nova relação entre atores e espectadores, estreia dia 18 de agosto, sexta-feira, às 21 horas (pré-estreia para convidados dia 17 de agosto, quinta-feira, às 21 horas). 

ANTÍGONA traz no elenco Celso Frateschi, Naruna Costa e Pascoal da Conceição, reunindo gerações diferentes de atores que expressam com as palavras de Sófocles suas questões mais prementes sobre o mundo contemporâneo sob a direção de Moacir Chaves. Cenografia e figurinos levam a assinatura de Sylvia Moreira, enquanto Aurélio de Simoni criou o desenho de luz; e Daniel Maia, a trilha sonora. 

Contemplado pelo prêmio Zé Renato, atualmente suspenso pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que possibilitou trazer à capital paulista Moacir Chaves, consagrado diretor do Rio de Janeiro, e estabelecer esse intercâmbio entre dois importantes polos culturais do país, o espetáculo evidencia a potência poética do texto grego e revela um Sófocles absolutamente contemporâneo ao século XXI. 

Durante a temporada, as sessões das sextas-feiras contarão com debates com o público coordenados pelo crítico e professor Welington Andrade e com a participação dos atores. 

Enfrentar a tirania

De acordo Celso Frateschi, a montagem levanta questões humanas, éticas, políticas, morais, psicológicas e filosóficas. “São questões que pela forma como são apresentadas provocam, emocionam e elevam artistas e espectadores ao lugar único do prazer estético”, conta ele. 

Para além do confronto entre Antígona e Creonte, o espetáculo destaca o papel que o coro exerce na estrutura da peça, abstendo-se de intervir de forma decisiva no conflito. Sua participação, dessa forma, funciona como uma justificativa, seja de ordem divina, apoiada na maldição da casa dos Labdácidas, seja de ordem mundana, temporal, aconselhando prudência a Antígona frente aos atos do tirano. 

“A atitude subserviente em relação a Creonte torna-se ainda mais patética por ser o coro composto por anciãos de Tebas, exatamente aqueles de quem se esperaria mais desprendimento e sabedoria. A dor se torna ainda mais pungente por ser evitável. O que se percebe, no final de tudo, é que a trajetória rumo ao abismo poderia ser desviada, se os cidadãos tivessem a coragem para enfrentar a óbvia tirania”, explica o diretor Moacir Chaves. 

Sala Gianni Ratto

Com ANTÍGONA, o Ágora Teatro reforça sua vocação de centro cultural preocupado em discutir relevantes questões estéticas e aliá-las aos tempos de hoje. Com a continuação do segundo módulo do curso Diálogos com Dostoiévski, coordenado pelo professor Flávio Ricardo Vassoler, e o início do curso, Texto e Cena: Teatro, Sociedade e Política, com o professor Welington  Andrade, e dos seus cursos de teatro, dos núcleos de pesquisa, do Ágora Moleque, dos debates e das  publicações, o tradicional espaço da rua Rui Barbosa tornou-se um lugar raro na cidade. “Somos um espaço independente, sem nenhum vínculo governamental, onde se respiram arte e cultura com liberdade e prazer”, diz Frateschi. 

O Ágora Teatro passa a contar com duas salas de espetáculo, a sala Edith Siqueira  e a sala Gianni Ratto  agora com acesso universal, café, novo grid de luz e nova configuração da plateia e do espaço cênico. Segundo Sylvia Moreira, arquiteta responsável pela reforma no espaço do Ágora, e que também assina a cenografia e figurinos de ANTÍGONA, a nova sala passa a ter 40 lugares que proporcionam uma visão privilegiada de cada detalhe do espetáculo. “A arquitetura cênica coloca o olhar dos espectadores no mesmo nível dos olhos dos atores – o que é fundamental para a construção dos significados criados em cena”, conta ela. 

Antígona

Escrita por volta de 442 a.C., Antígona integra ao lado de Édipo Rei (430 a.C.) e Édipo em Colono (401 a.C.) a chamada trilogia tebana de Sófocles (495-406 a.C.), encerrando a longa série de infortúnios que recaem sobre o clã amaldiçoado dos labdácidas.  

Terminada a guerra entre Argos e Tebas, os filhos de Édipo, Polinices e Etéocles, irmãos de Antígona e Ismênia, morrem em luta pelo poder. Creonte, irmão de Jocasta e cunhado de Édipo, assume o trono da cidade, proclamando uma ordem que proíbe que o corpo de Polinices receba o devido sepultamento. Antígona descumpre a ordem real e, confrontada diretamente por Creonte, é condenada à morte. O fato precipita uma série de acontecimentos funestos que irão atingir diretamente o monarca, levando-o a experimentar na própria pele o amargo processo que a tragédia ática convencionou chamar de reconhecimento trágico. 

Para roteiro:

ANTÍGONA – Estreia dia 18 de agosto, sexta-feira, às 21 horas, na sala Gianni Ratto, do Ágora Teatro (pré-estreia para convidados dia 17 de agosto, quinta-feira, às 21 horas). Texto – Sófocles. Versão – Celso Frateschi. Direção – Moacir Chaves. Elenco – Celso Frateschi, Naruna Costa e Pascoal da Conceição. Cenografia e Figurinos – Sylvia Moreira. Desenho de Luz – Aurélio de Simoni. Trilha Sonora – Daniel Maia. Fotos – Gisela Schlogel. Duração – 90 minutos. Recomendado para maiores de 14 anos. Temporada – Até 1º de outubro – De quinta-feira a sábado às 21 horas e domingo às 19 horas. Ingressos – R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia-entrada) pelo site www.sympla.com.br.

 

ÁGORA TEATRO – Sala Gianni Ratto – Rua Rui Barbosa, 672 – Bela Vista. Informações – (11) 3284-0290. Capacidade – 40 lugares. www.agorateatro.com.br.

 

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